sobre mudar de país
mudar de país é uma experiência aterrorizante, embora seja, ao mesmo tempo, bastante inspirador. é um sopro bem clichê de novidade. essa novidade pode vir na forma de uma burocracia ridícula pra você conseguir alugar um apartamento ou vir na forma de um parque que de repente se tornou seu parque favorito. a gente geralmente prefere o segunto tipo de novidade, mas logo que você se muda o primeiro é bem mais comum.
se eu tivesse que voltar no tempo e dar dicas para mim mesma do que fazer ou não fazer antes de mudar de país (no meu caso, mais especificamente para os Estados Unidos), diria o seguinte:
1. não traga eletrônicos desnecessários
um detalhe CRUCIAL que a gente geralmente esquece é que as tomadas do Brasil não são iguais às tomadas do resto do mundo. por isso, pra todo eletrônico (computador, secador de cabelo, carregador), você vai precisar de um adaptador. os problemas disso são vários, por exemplo:
- adaptadores geralmente são meio vagabundos. isso vai fazer com que você de repente cheire queimado perto da sua tomada.
- se você trouxer muitos eletrônicos, ou você vai ter que revezar os seus adaptadores ou você vai ter que comprar um adaptador pra cada eletrônico. e, estendendo o argumento do item anterior, você vai ter que comprar vários adaptadores que não são vagabundos, caso contrário sua casa vai pegar fogo.
aqui nos EUA esses eletrônicos menores são bem baratos. um babyliss basicão aqui custa entre 20 e 30 dólares. quando você recebe em dólar, isso se torna bem barato. em vez de trazer eletrônicos, traga outras coisas que são úteis, como as suas roupas. os eletrônicos você compra depois do seu emprego.
claro que isso exclui as coisas essenciais, né, tipo o seu computador e celular. enfim, você entendeu.
2. se você decidir manter seu documento brasileiro na carteira, não perca ela
parece dica absolutamente inútil, mas na real que, desde que chegamosn, perdemos a carteira duas vezes e nas duas perdemos junto a CNH. achamos a carteira e recuperamos a CNH em ambas as vezes, mas fica aí o aprendizado: ou você guarda o seu documento em outro lugar, ou você deixa o seu número de telefone em algum lugar da carteira pra recuperá-la caso alguém ache. pior do que perder cartão e etc, que é só bloquear, é perder um documento que vai ser um INFERNO pra vocÊ renovar ou conseguir uma segunda via.
dito isso, a dica extra é: nunca, em hipótese alguma, ande com seu passaporte original a não ser que seja muito necessário. anda com uma cópia autenticada, sei lá. evite a dor de cabeça de perder um passaporte.
3. aprenda a fazer uma receita que você gosta muito do seu país
nada como comer uma comidinha com gosto de casa. nem sempre você vai achar os ingredientes, mas às vezes sim! e aí, minha querida, não tem nada melhor do que você conseguir reproduzir aquela comida fresquinha e saborosa. matar a saudade de casa durante algumas garfadas é bom demais.
importante notar que eu nem tô falando de aprender uma receita de comida típica. você não precisa arranjar um pilão pra fazer a sua própria paçoca, mas se quiser pode também. você é um ser humano livre e eu respeito isso sempre. dou como exemplo uma das minhas próprias receitas favoritas: abobrinha refogada cremosa com arroz e tomate. isso pra mim tem um gostinho de casa tão grande e é super fácil de fazer quando eu consigo achar abobrinha.
4. cuidado pra não trazer coisas inúteis
isso aqui anda um pouco em paralelo com a dica #2. o nosso exemplo concreto de coisa inútil foi que trouxemos os nossos teclados e alguns itens de escritório que no fim estão guardados até hoje porque não tem espaço no nosso apartamento pra um escritório. isso foi algo que nem cogitamos enquanto estávamos no Brasil.
em resumo
é muito fácil se apegar apenas ao que tem de ruim no lugar novo, mas já que você MUDOU DE PAÍS aprenda a aceitar o que tem de bom também. é um exercício diário e às vezes a gente só tá ranzinza e saudosista, mas vale a pena.
você estar em outro país te ajuda a enxergar a sua própria cultura com muito mais amor e carinho, e também de uma forma mais crítica, pra ser bem honesta. nada é perfeito, nem o Brasil (os brasileiros, por sua vez, têm bastante potencial de alcançar a perfeição, mas é aquele ditado lá né “deus não dá asa à cobra” ou algo assim).
aproveite a experiência.